Após mais de uma década, a Santa Casa de Mogi Mirim voltou a captar órgãos para transplante, graças a uma nova equipe multiprofissional criada há menos de um ano. O médico Cláudio Pessoa, RT (Responsável Técnico) da Santa Casa, revela que na manhã do último domingo (22), foram retirados os dois rins e o fígado de uma paciente, de apenas 24 anos, para serem utilizados em transplantes no Estado de São Paulo.
Antes da retirada, a equipe da Santa Casa seguiu todos os rígidos protocolos exigidos nos processos da captação de órgãos, como a detecção de um doador, a confirmação da morte encefálica, que é a ausência total e irreversível das atividades cerebrais e o acionamento das equipes que irão transportar os órgãos.
Em relação a morte encefálica, o médico ressaltou que são feitos exames no paciente a cada quatro horas. Feita a retirada dos órgãos, a responsabilidade pelo transporte até o receptor é da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) ou da USP (Universidade de São Paulo).
Se o receptor for de uma cidade longe, como, por exemplo, São José do Rio Pardo, a Polícia Militar, com os helicópteros Águia, providenciam o transporte. Já para fora do Estado, essa missão fica a cargo da FAB (Força Aérea Brasileira).
Ainda bastante emocionado, Cláudio fez questão de agradecer esse gesto de grandeza da família da paciente. Em nota publicada ainda no domingo, Cláudio diz que a equipe da Santa Casa agradecia a família da paciente que, mesmo em um momento de dor imensurável, teve um dos maiores gestos de amor, ao permitir que a equipe daquele hospital levasse adiante o protocolo de morte encefálica e doação de órgãos e tecidos. “Um gesto de amor no momento de extrema dor, mas que salvará inúmeras vidas”, diz a nota.
RESPALDO
O médico também agradeceu a equipe da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da Santa Casa, formada por médicos, enfermeiras, técnicas de enfermagem, fisioterapeutas e pessoal de serviços gerais pela dedicação e profissionalismo.
Ele explica que antes, esse processo era praticamente impensável na Santa Casa. “Agora temos uma excelente equipe multiprofissional, locais apropriados para realizar a captação dos órgãos e equipamentos adequados”, elogia. Cláudio diz ainda que é possível captar de um doador, duas córneas, dois rins, coração, pulmões, fígado e até a pele.
Para o médico, a maior barreira para viabilizar o aumento de doações está nas pessoas. “É preciso conscientizar as famílias dos doadores de que esse ato poderá salvar muitas vidas. Isso não é tarefa fácil, mas já estamos trabalhando nesse sentido”, obsevou. Finalizando, Cláudio lembrou que a equipe da Santa Casa também conta com o respaldo dos setores jurídico e administrativo do hospital, assim como da Secretaria Municipal da Saúde e da Prefeitura.